quinta-feira, 10 de abril de 2008

E Depois Americano que é Louco

Americanas são aquelas pessoas que vivem num país na América do Norte. Sim, somente elas. Nós, da América do Sul, somos no máximo latino-americanos. Ou cucarachas, como dizem nossos irmãos do norte. Mas também julgamos-os como loucos e insanos, ou como diz a minha mãe "esse povo doido sem nada na cabeça". Não diria nada na cabeça, porque balas acabam atravessando as cabeças de alguns inocentes, vez ou outra, nas universidades americanas de primeiro mundo. Logo, ser estadounidense é ser americano e com forte sintomas de sociopatia e psicopatia.

O que angustia é que, de algumas semanas pra cá, mais precisamente do dia 29 de março (por sinal, dia do meu aniversário), quando Isabella foi encontrada morta no jardim do prédio onde morava, começamos a receber a influência direta de nossos irmãos assassinos. E, por favor, antes de mais nada, não quero falar do pai e madrasta que estão presos. Embora ainda não exista nenhuma comprovação do verdadeiro culpado, o crime é hediondo, sendo o pai ou não, o culpado.

A olhos nus percebo nitidamente no comentário geral que, se o culpado pelo crime for qualquer outra pessoa que não Alexandre Nardoni e a mulher, vai ser mais um crime comum, que vai passar despercebido daqui a algum tempo. O criminoso será culpado e pronto. Acabou. O que, de certa forma, comprova a vontade de julgamento da opinião pública em punir pai e madrasta. De minha parte culpo a imprensa, por levar a suspeita e acusar pessoas premeditadamente, que podem estar sofrendo nesse momento numa cela. E não adianta vir com a história de que o dever do jornalista é humanizar a notícia, pois pai e madrasta também são humanos, assim como suas famílias.

Por conta disso li sobre outra notícia de "menor importância": Filha mata a mãe e vai para show do Calypso. Sim, isso parece ser menos traumático para o povo. Afinal matar os pais é algo que nós já vivemos, quando Suzanne Von Richthofen e o namorado cometeram o crime doloso em... Quanto tempo faz mesmo? Pois é, creio que ninguém lembre mais. E, juro, não tô dando a notícia por não ter simpatia com a banda Calypso. É pelo simples fato do crime ser tão ridículo quanto o anterior.

As notícias mais exploradas na mídia servem, na verdade, como vacinas sociais. Não estávamos prontos para a doença "pai-mata-a-filha-e-joga-o-corpo-pela-janela", mas já tinhamos os anti-corpos da "filha-mata-a-mãe-por-motivo-fútil". Temos tantos anti-corpos que é difícil não estar preparado para muitas notícias do tipo "Roubo e morte em algum canto" ou "Motorista alcoolizado atropela...". O que seria engraçado, se não fosse trágico é o fato de que toda vez que a notícia de algum Americano-maluco-psicopata invade uma escola e mata vinte aparece na mídia, só serve pra nos comprovar de quanto esses caras são malucos. Entretanto, quando tem chacina em algum morro do Rio ou qualquer outra favela de qualquer outra cidade, é como se tivessemos aceitado a violência racional brasileira.

Não defendo o american way of life e suas vertentes, mas taxá-los de malucos assassinos é não olhar para o próprio umbigo (coisa que, diga-se de passagem, é própria dos americanos). Por enquanto ainda nos comovemos com a situação do Tibet, na China. Só não sei por quanto tempo. Alguém lembra onde foi que paramos de sentir as dores de homens-bomba explodindo e matando vinte, trinta no oriente médio?

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