terça-feira, 31 de março de 2009

8, 12, 15, 18 ou 21 anos?

Ela já foi motivo de amor, de ódio, de casamento e de separação. Muitas mulheres já sofreram por ela. Muitos homens também. Em várias épocas teve uma importância descomunal. Em algumas culturas era divína. E ainda hoje há quem venda e, principalmente, quem pague por uma. Sim, eu tô falando da virgindade.

Primeiro que, quando se fala em virgindade, sempre a mulher vem em primeiro lugar. Até mesmo porque é o único ser que pode provar que é, de fato, virgem. O homem, não. O homem mente a vontade, fala que desde os 9 anos tava alí, pegando a empregada e ninguém pode desmentir. Acreditar, ninguém acredita. Mas desmentir jamais.

Antigamente a mulher casta era considerada sagrada.Para os incas, as virgens eram jogadas em vulcões em erupção como um sacrifício para os deuse. Ou seja, de uma forma ou de outra as incas virgens sempre se fudiam no final. Para os gregos, somente uma virgem poderia falar com os oráculos de Delfos. Os romanos, apesar do valor que davam a um bom bacanal, eram hipocritas o suficiente para exigirem mulheres virgens para casar.

Não existe religião que não fale sobre a virgindade. Judeus ortodoxos não podem nem tocar em pessoas do sexo oposto antes do casamento. Cristãos, além de manterem a castidade até o casamento, ainda acreditam na Virgem Maria, a mãe do filho de Deus. Os monges budistas são castos até a alma. E, falando sério, quem não queria o paraíso dos mulçumanos, com 70 virgens?

Durante a Idade Média casamentos reais tinham sempre que ter uma moça casta. E nessa época é que eram chatos mesmo com a virgindade. Na noite de núpcias do casal, uma comissão formada pelo bispo e alguns outros membros da corte ficava no quarto para poderem confirmar o casamento. E há quem diga que, assim que consumado o fato, os serviçais do Palácio penduravam o lençol da cama com uma mancha vermelha para que todos pudessem ver. E tenho dúvidas de onde veio o vermelho da maioria dos países europeus.

Com o tempo, a mulher passou a ganhar espaço em várias situações, mas se não fosse virgem ao casar, era mulher da vida. Na primeira constituição brasileira existe um artigo no qual todo casamento pode ser anulado se a mulher não for casta. Ou seja, o homem que casava, no fundo, no fundo comprava um cabaço. A diferença pra hoje, onde tem mulher que vende pela internet, é que antigamente saía mais caro e durava a vida todinha.

Hoje o hímem é uma espécie rara. Em extinção. E isso não quer dizer que os tempos mudaram, que as mulheres ficaram, digamos assim, mais devassas. A principal diferença de hoje é que as coisas estão ficando escassas. Com o número crescente de homossexuais, as mulheres sentem a necessidade de dar antes que não sobre nem mais um hétero. E por mais irônico que seja, essa é a mesma necessidade que alguns "homens" estão sentindo hoje.

Mas isso não quer dizer que a virgindade caiu em desuso. Hoje, o hímen virou artigo de luxo. Hoje o cabaço é que nem uísque: os de 8 anos você nem bebe, os de 12 você toma com uma preocupação enorme com o dia seguinte, de 15 já dá pra aproveitar tranquilo, de 18 é o ideal e de 21 você não toma, degusta, porque é uma peça rara. Então fica esse recado para os homens: quando você tiver uma virgem na sua frente, lembre dos uísques.

quarta-feira, 25 de março de 2009

God@heaven.org

A internet é divina. Como assim ninguém sabia disso? Pra fazer as pessoas perderem tanto tempo, com tanta devoção a blogs, twitters, orkuts, facebooks ou qualquer-site-modinha-da-hora, só com uma devoção divína. Internet virou religião. Uma crença com verdades tão convenientes quanto a Bíblia. O que eu já li de reportagem falando que tem gente vendo Orkut para interesse profissional não é brincadeira.

E hoje eu recebi um email de Deus. Juro! O título do email é DE UM SER SUPERIOR PARA VOCÊ. Como tô morando no décimo andar e pela primeira vez em apartamento, cheguei a pensar que fosse um dos meus vizinhos de cima. Mas logo vi que se tratava do Pai-Nosso. Ele assina o email logo no início, para não haver desconfiança de que possa ser um fake Dele. O Vitor Fasano sabe muito bem o que é isso.

O email é assim: "Olá, eu sou Deus. Hoje eu estarei cuidando de todos os seus problemas para você. Eu não precisarei da sua ajuda. Assim sendo, tenha uma ótimo dia. Amo você." Depois de receber isso, vou seguir o Primeiro Mandamento como nunca segui. Pra quem não lembra: "Amarás a Teu Deus sobre todas as coisas". Que assim seja. Tô com tanto job pra terminar que, se conseguir terminar tudo hoje, vai ser um milagre mesmo. Tomára que Ele intervenha na cabeça do meu professor e faça com que ele aprove de primeira minhas idéias.

O email segue melhor ainda. O P.S.(post scriptum) do email é bem maior que o texto principal. Nele Deus me diz que se eu tiver uma situação que eu não consiga "lidar"(queria saber se isso realmente é um verbo e como conjuga no presente, na primeira pessoa do singular) é para eu por na caixinha APDF. Como só conheço dois tipos de caixa, a Caixa de Entrada e a Caixa de SPAM, não sabia o que fazer até ler, um pouco mais a frente, que APDF é uma abreviação de Algo Para Deus Fazer. Mas o email diz que tudo o que eu colocar lá vai ser resolvido, como o Próprio escreve, no Meu Tempo (no Tempo Dele!). Ou seja: se fosse publicitário, Deus ia penar com os prazos.

O legal nesse email é que Deus não pede que eu envie para nenhum amigo. Mas ficaria muito grato caso eu enviasse. Isso não caracteriza o email como corrente, já que nem Deus, que é Deus, pede que eu faça isso. Mas juro que fiquei chateado quando Ele jogou na minha cara que Ele deu para a humanidade um presente único: o Livre Arbítrio. Fiquei confuso. Posso até estar enganado, mas Jesus fala, em algum momento, sobre os milagres que realiza e a única coisa que ele pode cobrar é a devoção a Seu Pai. Isso eu tenho bastante. Ou ninguém percebeu que quando eu falo de Deus eu sempre boto o nome Dele com letra maiúscula no começo?

Só duas coisas me preocupam mesmo: os erros de português e algumas pessoas que acham que são Deus. Tem um trecho em que Ele escreve
"Se a vida te trazer uma situação que você não consegue lidar, não tente resolvê-la por você mesmo(a)!". Se a vida me trazer alguma coisa assim eu juro que contrato um professor de português, quando a vida me trouxer uma graninha para pagá-lo. Aí ele poderá me trazer conhecimento, e Ele, sabedoria.

Mas a minha maior preocupação é com as pessoas que querem transformar essa mensagem divina em corrente. Olha só como muda da água para o vinho (entendeu? entendeu?):

Deus têm visto suas lutas.
Deus diz: elas estão chegando ao fim!
Uma benção está vindo em sua direção. Se você crê em Deus, por favor envie esta mensagem para 10 pessoas. Por favor não ignore. Você está sendo testado(a)!
Você têm 20 minutos para contar a 10 amigos que você os ama.

Dá pra ver que o eu-lírico do email mudou totalmente. É um humano escrevendo. Dizendo que Deus tá me vendo. É claro. Pra Ele eu sempre fico visível. Na vida e no MSN. Dizendo que minhas lutas estão chegando ao fim. Acabei de começar uma especialização. Quer dizer que eu não vou ter condições de terminar os dois anos? Será que eu vou reprovar
? E, no final de tudo, eu tenho que passar a mensagem em 20 minutos para 10 amigos, dizendo que eu os amo. Mas eu vivo dizendo isso para meus amigos, principalmente sobre o efeito de vinho (que é sagrado!). Sabe o que eu fiz com o email? Botei na Caixinha APDF. Isso é Algo para Deus fazer. Mas no Seu Tempo, e não em 20 minutos.

P.S.: É isso que é um post scriptum.

P.S. 2: Pode ter mais de um.

P.S. 3: Apesar do texto iconoclasta, eu não sou ateu e sim, acredito em Deus. Mas é uma discussão que não cabe nesse blog.

P.S. 4: Deus, se você tiver lendo meu blog, me perdoe por algo que escreve. Esse livre arbítrio é complicado!

P.S. 5: Deus, se você estiver mesmo lendo meu blog, dá uma força pra uma amiga que está chegando por aí. Ela merece muito. Infelizmente a gente aqui embaixo ainda não aprendeu a lidar com essas situações e, por isso, essa eu já coloquei na Caixinha APDF, porque perder um amigo é algo que eu nunca vou conseguir resolver.





segunda-feira, 16 de março de 2009

Gente de Rua

Não sei se muita gente sabe disso, mas o IBGE só considera uma cidade cidade quando essa cidade tem, pelo menos, a prefeitura, um bar, uma praça, a igreja da praça e o puteiro atrás da igreja. Qualquer que seja a cidade, no menor interior possível, sempre vai ter isso. E toda cidade sempre vai ter mendigos e gente que vive na rua.

Eu sei que é uma coisa muita séria falar sobre esse povo que vive na rua. Mas, se eu viver pra ajudar esse povo, quem vai ficar na rua sou eu. É muita gente pedindo em tudo quanto é canto. E o foda é que eles ganharam a concorrência dessa galera que faz malabarismo e cospe fogo. Eu não dou um centavo. Se eu quisesse ver alguém cuspindo fogo eu ligava a TV no programa da Sonião Abraão. Ali sim, só dá dragão.

O pior é saber que só existe essa gente porque tem gente que dá dinheiro. Vê se em Israel tem isso? Não tem. Dúvido alguém sobreviver pedindo dinheiro numa cidade de judeus. E fora que os mendigos não sabem o que fazer com o dinheiro. Um tempo desses saiu uma pesquisa que dizia que alguns desses pedintes faturavam R$50,00 por dia. Trabalhando 20 dias por mês serão R$1.000,00 limpos. Aí não pagam nenhum imposto, não pagam aluguel, telefone, conta de luz e água. Como é que esse povo ainda continua na rua?

Tem mendigo que pega o dinheiro e gasta tudo com bebida, cigarro, drogas e putas. Ou seja: o cara quer ser o Rico Mansur dos miseráveis. Não que o Rico Mansur faça tudo isso. Ele não fuma. Aliás, se tem uma coisa que me intriga é a profissão do Rico. Gente, ele é jogador de pólo. Ser jogador de pólo no Brasil é que nem ser jogador de vôlei de praia no Alaska.

Mas o que eu fico mais impressionado com essas pessoas que pedem dinheiro na rua ou que moram é que elas nunca estão sozinhas. Já cansei de contar quantos mendigos vi que tem cachorro. É incrível. É por isso que dizem que o cachorro é o melhor amigo do homem. Uma relação totalmente desprovida de interesse.

Outros que me surpreendem também são os cegos que pedem esmola. Vocês já repararam que sempre tem um que enxerga perfeitamente bem guiando-os na direção dos carros? O que me deixa numa dúvida muito cruel: se eles são pessoas normais, sem problemas, por que é que eles não vão trabalhar pra ajudar esse povo? Ou então facilitar mais ainda a vida do cara. Colocava o ceguinho na esquina com uma placa indicando e chegava falando: "Senhor, o senhor teria um trocado pra dar pro ceguinho da esquina?" Aí sim iria ajudar. Ou melhor: botava um surdo-mudo pra guiar os cegos. Pronto. Matava dois coelhos numa cajadada só.

P.S.: Para quem achou humor negro e de mal gosto, por favor, dirija-se a este link.

terça-feira, 10 de março de 2009

Mas e o Fenômeno?

Conversa de amigos entrando no estádio.
- O Fenômeno vai estrear hoje.
- Não vai não.
- Vai, “homi”. Tudo quanto é jornal tá dizendo isso. Disseram até que ele pediu pra jogar.
- Ele pode até ter pedido, mas não vai entrar em campo de jeito nenhum.
- Mas então por que tá todo mundo dizendo isso? Saiu até na Globo.
- Aí já não é problema meu. Vou valendo uma 20 reais e uma chulipa.
- Rapaz, eu vou apostar com você.
- Então tá feito.
- Então tá. – O homem, mesmo na dúvida, ficou na aposta.
Vinte e cinco minutos do segundo tempo.
- Tem substituição no Coringão. Olha lá! Lá vem o homem entrando. É o Fenômeno.
- Olhe bem. Acho que não é não.
- Ô, sô! Tá me chamando de mentiroso ou tá com raiva porque perdeu a aposta? É ele sim. Olhe aí, camisa número 9 nas costas, dente pra frente e a barriga.
- Então “vamo” esperar ele fazer alguma coisa dos tempos que jogava no estrangeiro pra ver se é ele mesmo.
- Mas você não tá vendo que é ele, cabra teimoso? Me paga logo os 20 reais e a chulipa.
- Dou no final do jogo. Tá ruim de pegar o dinheiro no bolso com esse povo todo aqui.
- Então tá!
Final do jogo. 2 a 0 do Corinthians em cima do Itumbiara pela Copa do Brasil.
- É, já dá pra tirar o dinheiro da aposta. “Vamo” logo que eu quero ir pra casa.
- Mas quem disse que eu perdi a aposta?
- Mas que cabra safado. Você viu o homem entrar lá e não tá querendo pagar a aposta.
- Não vi nada. O Fenômeno não entrou em momento nenhum do jogo.
- Claro que entrou. Segundo tempo, número 9 do Corinthians. Ou vai dizer que você tem amnésia e não viu o Ronaldo entrar?
- Ah! O Ronaldo eu vi entrar, sim.
- Então? Você perdeu a aposta.
- Perdi nada.
- Claro que perdeu. Acabou de dizer que viu o Ronaldo entrar.
- O Ronaldo entrou, mas e o Fenômeno?
- Mas, mas... – Pensou, pensou e, sem encontrar desculpas, tirou 20 reais do bolso e deu ao amigo.
- E o braço pra chulipa, cadê?

quinta-feira, 5 de março de 2009

Minha História com o Melhor Amigo

Fui ver “Marley & Eu” no cinema. O filme, como todos os filmes de cães que eu lembro, tem a cara de Sessão da Tarde, mas me fez pensar uma coisa que nunca tinha pensado antes: Todo mundo tem uma história com cachorros. A minha é até constrangedora de dizer e muitos vão me olhar com outros olhos, mas a verdade é que eu não gosto de cães. Nenhum deles.
Meu trauma é antigo. Começou lá nos meus quase dois anos, uma vez que, segundo a minha mãe, um cachorro roubou minha chupeta, mordeu até desfigurar totalmente a minha fonte de escape do stress infantil e enterrou como se fosse um osso. Eu não lembro nada disso, mas eu e minha mãe ficamos com ódio do cachorro. Eu porque ele me tomou o que mais me importava no mundo, com um ano e poucos meses de idade, e minha mãe porque só parei de chorar quando ela comprou outra igual.
Depois, já mais grandinho e com memória, lembro de um chiuáua de uma prima minha na casa de verão da família. Que cão estressado. O latido agudo e repetitivo incomodava demais. Não podia pingar uma bola na frente dele que ele saia latindo para todos os cantos. Nem meu pai, que trabalhava o ano inteiro, chegava com tanto estresse como esse cachorro. Parecia que ele trabalhava na bolsa e, todas as férias, as ações dele caiam. Teve um dia que ele deve ter perdido tudo e morreu num ataque cardíaco, segundo o veterinário.
Na adolescência, época que começamos a visitar os amigos com mais freqüência, passei a ir à casa de vários que criavam ou criam cachorros. Em toda casa que eu chegava, era a mesma coisa. O cão me olhava, eu olhava pra ele. Ambos sabíamos que não íamos um com a cara do outro. “Meu filho, não se preocupe. Ele não morde. Só quer saber quem é”. Todas, absolutamente todas as mães falavam isso. E lá ia o cão me cheirar para ver se deixava entrar na casa. Toda vez que recebia um convite para ir na casa de alguém que tinha um poodle sequer, eu perguntava: “Mas o teu cachorro já liberou a minha entrada?”. Eles riam e eu nunca entendia.
Já na faculdade fui fazer um trabalho em grupo na casa de um recém-conhecido. Fui o último a chegar e a saber que na casa tinha um labrador. Depois que eu entrei e sentei na mesa grupo, lembrei que não tinha passado pelo teste convencional de outras casas com cães. Com algumas horas que eu estava lá o cachorro apareceu e brincou com todos da mesa, comigo inclusive. Pensei por alguns momentos que aquilo era implicância minha com caninos. Nesse exato momento ele apareceu do meu lado, eu passei a mão entre as orelhas e, num movimento brusco, acabou pegando no focinho dele. Ele me mordeu e eu aprendi que, independente de quem seja a culpa, um cachorro não perdoa você.
Apesar da nossa história não ser de amor e carinho, acabei aprendendo bastante com os cachorros. A principal lição foi reconhecer a natureza do animal. Infelizmente a recíproca não é verdadeira. Sempre que encontro com um, recebo provocações. Ficam me cheirando pra ver se me conhecem – e eu sei que eles me conhecem. Eles são encrenqueiros, fazem de tudo para que eu perca a cabeça, que eu faça qualquer movimento pra eles revidarem. Mas eu aprendi a me controlar. Só faço questão de deixar bem claro pra todos eles – poodles, beagles, labradores, filas, pastores, dobermanns e até pitbulls – que eu não sou mais um ser que vai limpar o cocô que eles fizerem na rua.