quinta-feira, 24 de abril de 2008

A Evolução do Futebol

O futebol já evoluiu demais. Agora todo mundo tem que marcar forte, antes do meio de campo. Zagueiro marca, lateral marca, volante marca, meia marca, ponta marca, atacante marca. Com isso o que aconteceu é que o único que não marca, que é o goleiro, tem a função de marcar gol agora. Os atacantes recuaram tanto que o jogador mais a frente dos times é o goleiro. E só em bola parada.

E tudo isso começou com um goleiro falsificado: o Chilavert. Mas pudéra, ele é paraguaio. Fazia gol de penalti e de falta, mas agarrar que é bom, nada. E o Chilavert brasileiro, o Rogério Ceni, passou a imitar tanto o ídolo que agora vem esquecendo de agarrar. É cada frango. O Chilavert seria ótimo no futebol americano. Ele entrava na hora de chutar e saia na hora de jogar. Faria sucesso.

Nunca vai ser normal ver um goleiro batendo falta. Não é pro futebol. Apesar dos gols serem bonitos, é estranho. É só ver quem joga time de botão e totó. Como é que faz gol de goleiro com time de botão? Pega aquela hastezinha da costa e dá uma tacada? Aí vira time de botão de hóquei. E totó? O goleiro não pode sair do gol pra bater falta no ataque. Com muita sorte (e falta de reflexo do adversário) é possível fazer gol de goleiro no totó, mas não de falta (até porque no totó não tem falta).

Com as novas tendências do futebol mundial de utilizar cada vez mais o goleiro, a evolução do futebol vai ser para o gol-a-gol. Vai ser assim: o goleiro agarra e bate falta, agarra e bate falta. Fazer travinha não vai ser mais tão engraçado quanto antes. Bons tempos àqueles que o goleiro só tinha que fazer defesas. Feias, bonitas, fáceis, difíceis, mas defesas.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Jornalista que é jornalista, não faz reportagem... Vira notícia!

Isso é que é jornalismo inovador:

Roberto Cabrini é detido em SP.

Sensacionalismo? Talvez. O certo mesmo é que, a pouco tempo trabalhando para Record, o Cabrini tinha uma carreira toda pela frente, entendeu?

P.S.: O título seria "Jornalista que é jornalista não dá notícia... Dá o furo", mas alguém da classe podia se ver prejudicado. A maioria aproveitaria para assumir.

P.S.: Por mais que a notícia seja da concorrente, é verídica.

Au-Autenticado em Cartório

Bons tempos aqueles do Programa do Ratinho, onde eram feitos os exames de DNA para comprovar ou negar a paternidade.

"Cão fará exame de DNA para comprovar paternidade"

E ainda tinham duas musiquinhas que tocavam, uma antes do resultado ("Se for teu/Se for teu/ Teste de DNA vai provar que o filho é teu"), enquanto tudo ainda tava calminho, e a outra depois da confirmação ("Parabéns! Você é papai."), enquanto o pau comia entre os participantes.

P.S.: Só pra constar: alguém já viu como estão linkando as notícias no site da Globo? http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL402306-5606,00-CAO+FARA+EXAME+DE+DNA+PARA+COMPROVAR+PATERNIDADE.html - Interessante essa de colocar todo o título no link.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

E Depois Americano que é Louco

Americanas são aquelas pessoas que vivem num país na América do Norte. Sim, somente elas. Nós, da América do Sul, somos no máximo latino-americanos. Ou cucarachas, como dizem nossos irmãos do norte. Mas também julgamos-os como loucos e insanos, ou como diz a minha mãe "esse povo doido sem nada na cabeça". Não diria nada na cabeça, porque balas acabam atravessando as cabeças de alguns inocentes, vez ou outra, nas universidades americanas de primeiro mundo. Logo, ser estadounidense é ser americano e com forte sintomas de sociopatia e psicopatia.

O que angustia é que, de algumas semanas pra cá, mais precisamente do dia 29 de março (por sinal, dia do meu aniversário), quando Isabella foi encontrada morta no jardim do prédio onde morava, começamos a receber a influência direta de nossos irmãos assassinos. E, por favor, antes de mais nada, não quero falar do pai e madrasta que estão presos. Embora ainda não exista nenhuma comprovação do verdadeiro culpado, o crime é hediondo, sendo o pai ou não, o culpado.

A olhos nus percebo nitidamente no comentário geral que, se o culpado pelo crime for qualquer outra pessoa que não Alexandre Nardoni e a mulher, vai ser mais um crime comum, que vai passar despercebido daqui a algum tempo. O criminoso será culpado e pronto. Acabou. O que, de certa forma, comprova a vontade de julgamento da opinião pública em punir pai e madrasta. De minha parte culpo a imprensa, por levar a suspeita e acusar pessoas premeditadamente, que podem estar sofrendo nesse momento numa cela. E não adianta vir com a história de que o dever do jornalista é humanizar a notícia, pois pai e madrasta também são humanos, assim como suas famílias.

Por conta disso li sobre outra notícia de "menor importância": Filha mata a mãe e vai para show do Calypso. Sim, isso parece ser menos traumático para o povo. Afinal matar os pais é algo que nós já vivemos, quando Suzanne Von Richthofen e o namorado cometeram o crime doloso em... Quanto tempo faz mesmo? Pois é, creio que ninguém lembre mais. E, juro, não tô dando a notícia por não ter simpatia com a banda Calypso. É pelo simples fato do crime ser tão ridículo quanto o anterior.

As notícias mais exploradas na mídia servem, na verdade, como vacinas sociais. Não estávamos prontos para a doença "pai-mata-a-filha-e-joga-o-corpo-pela-janela", mas já tinhamos os anti-corpos da "filha-mata-a-mãe-por-motivo-fútil". Temos tantos anti-corpos que é difícil não estar preparado para muitas notícias do tipo "Roubo e morte em algum canto" ou "Motorista alcoolizado atropela...". O que seria engraçado, se não fosse trágico é o fato de que toda vez que a notícia de algum Americano-maluco-psicopata invade uma escola e mata vinte aparece na mídia, só serve pra nos comprovar de quanto esses caras são malucos. Entretanto, quando tem chacina em algum morro do Rio ou qualquer outra favela de qualquer outra cidade, é como se tivessemos aceitado a violência racional brasileira.

Não defendo o american way of life e suas vertentes, mas taxá-los de malucos assassinos é não olhar para o próprio umbigo (coisa que, diga-se de passagem, é própria dos americanos). Por enquanto ainda nos comovemos com a situação do Tibet, na China. Só não sei por quanto tempo. Alguém lembra onde foi que paramos de sentir as dores de homens-bomba explodindo e matando vinte, trinta no oriente médio?

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Cartola é Pouco

Dias desses, olhando as fotos do dia do Yahoo! achei interessante esta legenda:





Estátua do El Caminante de Vitória, no País Vasco, amanhece vestida



Pensei: "Hum! Ainda deve ser brincadeira do dia 1º de Abril. Mas aí eu cliquei na imagem. Eis o resultado:

Ou seja, o seu Euricão é foda mesmo. Transforma um time em País é coisa de quem entende da cartolagem do futebol brasileiro. A única diferença de São Januário pro País Vasco é a estátua. Uma é a do Baixinho, a outra foi a vingança do Eurico com o Romário pela última briga que tiveram.

Vamo lá, Márcio Braga. Eu quero tirar logo o meu visto pro País Flamengo, mané!

P.S.: No País Botafogo é só dar uma choradinha pra entrar.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Duas Historinhas de Verdade sobre a Mentira

Ou duas historinhas de mentira sobre a verdade. Ou as duas coisas.

Primeiro de Abril

Eram cinco, talvez seis amigos que, todo sábado, se reuniam para botar os velhos assuntos em dia.
- Juro que é verdade!
- Não pode. – retrucou Miltinho, depois de ter levado um susto com a declaração de João Jorge.
- Pode sim, Miltinho. O João Jorge já dava uns amassos nela naquele tempo. – confirmou o Pedrosa, velho amigo de ambos.
- Mas a Talma nunca me falou de nada. Ela não tinha porque esconder isso de mim.
Foi um momento tenso no bar. O Arnaldo pediu um tira-gosto pro garçom, Pedrosa e Floriano acenderam um cigarro e o João Jorge serviu uma dose para todo mundo. Só Miltinho ficou parando, com olhar longe, meio triste, meio bêbado. Levantou pra ir ao banheiro, se é que um mictório velho, daqueles impessoais onde todo mundo vê todo mundo, podia ser chamado de banheiro. Miltinho ficou entre a fuga para outra cidade, afinal ter um amigo que já pegará sua mulher era motivo de vergonha, ou o suicídio. Pensou em Paris, mas o dinheiro só dava para ir até o Guarujá. Como era albino, ficou mesmo com a segunda opção.
No banheiro, enquanto amarra a cordinha do sanitário no pescoço os amigos comentavam na mesa:
- O Miltinho é o único que não lembra das datas.
- A Talma uma vez me falou que ele esqueceu o aniversário de casamento. Imagine se fosse comigo.
- Pois é! O Miltinho tem sorte e não sabe. É melhor ninguém contar a verdade que hoje é primeiro de abril.
- É melhor assim!

Vingança

- O trabalho? Ah! Faltou tinta na minha impressora. – era a mais nova desculpa de Pedro.
- Sim, Pedro? Agora vai todo mundo ficar sem ponto porque faltou tinta na tua impressora? Por que não enviaste o trabalho pro meu e-mail? – a Marina era a única que acreditava no que Pedro falava. Talvez por Pedro ser o mais bonito e ela, benza Deus. Talvez por ser inocente ao ponto de ser a última virgem da sala. Ou pelas duas coisas. E mesmo assim, quando o assunto era estudo, não aliviava.
- Mas eu mandei pro e-mail de todo mundo. Não chegou?
- Não! – resposta em uníssono dos outros 4 membros do grupo.
- Então é culpa da internet.
- Mas não banda largar na tua casa?
- É, mas choveu muito ontem.
- E daí?
- E daí que os cabos ficaram balançando na chuva. Pode ter atrapalhado.
- Pô, Pedro! Para de inventar desculpa furada. – algum outro membro do grupo deixou claro que não acreditava nele.
- Não é desculpa furada. Desculpa furada é quando alguém diz que o cachorro comeu o trabalhou, quando diz que caiu na vala da rua, quando diz que deu blackout e apagou o computador...
- Desculpas todas que tu já deste.
Para a surpresa de todos Marina tirou da pasta rosa hello-kitty uma maçaroca de papel e distribuiu em 4. Não deu para Pedro (se bem que a vontade era essa, em outros aspectos).
- Eu fiz um trabalho reserva, já esperando que isso fosse acontecer. E o que ficou decidido na última reunião é que se o Pedro vacilasse, ele sairia do grupo. De acordo todo mundo?
- Eu não!
- Mas o teu voto não é válido, Pedro. O resto do grupo de acordo?
- De acordo. – Em uníssono os outros três. Pedro ficou sem os pontos do trabalho e foi para a recuperação precisando de 9. Tirou 3,5. No ano seguinte não pode vestir o uniforme especial dos alunos do 3º ano. O apelido anafórico Pedro Potoqueiro foi altamente divulgado. Toda a fama de “menino mais gato da escola” caiu para “repetente bonitinho”. Marina ainda chegou a ver o trabalho que, apesar de demorado, chegou de véspera no seu e-mail, mas não abriu com o medo de ter resposta automática no e-mail de Pedro. O trabalho continua habitando o endereço virtual de Marina que, por vingança, deixou Pedro na mão. O fora que ele dera na festa de São João ficou marcado para sempre na vida dela. Posteriormente, na vida dele também. Continuam na mesma escola. Ele, bonitinho, mas ordinário. Ela, virgem.