sexta-feira, 22 de junho de 2007

Três Santos em Conflito

Se tem um mês atípico no ano todo, é o mês de Junho. É um mês estranho, com festas diferentes, que exige fantasias, mas não qualquer fantasia. As músicas tem uma peculiaridade impressionante. Andar de chapéu de palha, camisa quadriculada e calça rasgada é luxo. Quiséra eu andar assim qualquer outra época do ano! No mínimo, seria brega. Em junho, os piores figurinos representam o melhor da festa. E olha que não são poucos os que fazem questão de costurar umas três bandeirolas na calça.

Tentando lembrar das vezes em que participei de quadrilhas e afins, a única que eu me lembro é a quadrilha-maluca do meu último ano no colégio. Eu tenho certeza que forcei minha cabeça a deletar informações sobre outras possíveis quadrilhas. E não é o caso de não gostar. É simplismente o trabalho todo que se tem para fazer fantasia nada original e dançar coreografias nada originais. Aliás, vale ressaltar que coreografia e originalidade são antônimos em qualquer época.

E sabe o que é pior? Ter três dias santos num mês só. É tipo filme de super-herói com três vilões. É tipo assim: Junho tá para o resto do ano assim como Homem-Aranha 3 está para os outros filmes de super-heróis. É muita informação pra pouca diversão. Deviam por um santo no mês de agosto, que carece de um bom feriado. Mas não. Quiseram porque quiseram por os 3 (acho que são Santo Antônio, São João e São Pedro) no mesmo mês só pra fazer umas festas legais pra já irem empolgando as férias. E o máximo que conseguiram foi uma cambada de gente fantasiada de caipira, estragando calças com bandeirolas e arranjando coceira na cabeça por causa dos chapéus de palha. Ô coisinha escrota.

Agora eu ponho minha mão no fogo: Qual é a festa junina que não coloca no convite "Comidas Típicas"? Cara, comidas típicas. Quer dizer, bolo de macaxeira em junho: bom; bolo de macaxeira em janeiro: brega. (H)Aja milho. E acabei de descobrir porque a gente não come frango em julho: eles ficam sem milho em junho e não ficam bons pro abate de julho. Ou seja: a gente prefere comer milho em junho do que comer frango em julho. Fala aí: quem lembra de ter comido "aquele frangão" em julho? Ninguém. Você lembra no máximo, e ai entra o fator etílico, aquele churrascão na casa de praia do seu amigo rico, que você passou mal (de tanto beber, é claro!).

Mas não existe nada mais idiota em São João do que dar fósforos e pólvora para seu filho. Que coisa inteligente! Olha, eu tiro o chapéu (até mesmo porque já tá começando a coçar a cabeça; é de palha). Eu sei, eu já fui criança e já fiz muita brincadeira com isso. Mas sério: com 4 anos a criança ganha um revolver de água; com 10 anos, ganha um quilo de pólvora e fósforo. Qual seria o próximo passo? Aha, um .38 carregado com 18 anos. O que, analisando friamente, não deixa de acontecer. Com 18 o pessoal começa a ganhar carro. Ai vem a confusão: "O que? Um carro? Mas não era um Magnum que o papai ia me dar? Ih! E agora? Será que se eu bater naquela árvore eu consigo o mesmo efeito que um .38? Bom, não custa nada tentar!"

Nas festas juninas, peculiaridades a parte, ..... Bom, peculiaridades a parte elas não existem. Na verdade o que precede as festas juninas é uma grande reunião com quatro grandes lobistas: o lobista do milho, o lobista da pólvora, o lobista da palha e o lobista dos tecidos com estampados bregas. É isso que acontece todo primeiro domingo de maio (porque o segundo é dia das mães): a reunião desses quatro lobistas. Aí tem uma conversação sobre cotação de preço, de materia, disponibilidade do serviço, enfim, essas coisas peculiares dos lobistas. E juro que, quando for deputado federal ou Papa, vou lutar para que o dia de São Pedro passe pra segunda sexta-feira de agosto.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sem falar nas músicas. Junho é época de cheia para os sanfoneiros. Quer dizer, essa história de distribuir o dia dos santos seria até uma ajuda para eles, coitados.

Outra coisa, se for deputado podes botar algum feriado pra 27 de setembro, no meu aniversário sempre tenho ou prova ou trabalho...

Abs.